domingo, 23 de março de 2008

Um Maluco Beleza do início do século XX

Everett Ruess


Nascido em Oakland, California, em 1914, era o mais moço dos filhos de Christopher e Stella Ruess. O pai era poeta, filósofo e ministro unitário, embora ganhasse a vida como burocrata no sistema penal da California. Stella publicava sozinha um periódico literário, o Ruess Quartette. Os Ruess eram nômades, deslocando-se pelos país até se estabelecerem no sul da California quando Everett tinha 14 anos.
Em Los Angeles o garoto freqüentou a Escola de Artes Otis e a Hollywood High. Aos 16 anos partiu em sua primeira viagem solitária, passando o verão de 1930 pegando carona e caminhando por Yosemite e Big Sur, acabando em Carmel, onde fez amizade com o famoso fotógrafo Edward Weston.
No final do verão, Everett retornou a sua casa para obter o diploma secundário em 1931 e logo em seguida partiu para os desfiladeiros de Utah, Arizona e Novo México, então uma região quase tão desabitada e envolta em misticismo quanto o Alasca.
Segundo Wallace Stegner, Ruess era um romântico implume, um esteta adolescente, um andarilho atávico dos desertos. Punia deliberadamente seu corpo indo além de sua resistência, testava sua capacidade de se esforçar. De seus acampamentos junto a bolsões de água, nos desfiladeiros, ou no alto das cristas arborizadas da montanha Navajo, ele escreveu cartas longas, luxuriantes, entusiasmadas para sua família e amigos, maldizendo os estereótipos da civilização, gritando seu bárbaro alarido adolescente na cara do mundo.
A correspondência de Everettt Rues revela paralelos incomuns entre ele e Chris McCandless.
Ambos eram românticos e desatentos à segurança pessoal. Em uma de suas cartas Ruess diz ter confiado centenas de vezes sua vida ao arenito farelento e beiradas quase verticais na busca de água ou habitações das rochas e que em duas vezes quase fora morto pelos chifres de um touro selvagem.
Assim como McCandless, Ruess não era detido por desconforto físico e às vezes parecia até saudá-lo.
Outra semelhança entre os dois foi a adoção de um novo nome. Ruess auto-denominou-se Lan Rameau, Evert Rulan, Everett Ruess e Nemo.
As últimas cartas que alguém recebeu de Ruess forma postadas no povoado mórmon de Escalante, 92 quilômetros ao norte da garganta de Davis, a 11 de novembro de 1934. Dirigidas aos pais e ao irmão, indicam que ele estaria incomunicável por um mês ou dois. Oito dias depois de enviá-las, Ruess encontrou dois pastores de ovelhas a cerca de um quilômetro e meio da garganta e passou duas noites no acampamento deles; esses homens foram as últimas pessoas conhecidas que viram o jovem vivo.
Acredita-se que Ruess despencou para a morte quando escalava uma das paredes do desfiladeiro ou tenha sido morto por ladrões de gado da região. Mas não existe prova concreta do crime.
Fonte: Na Natureza Selvagem de Jon Krakauer.

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